quarta-feira, 21 de novembro de 2012

permaneço no ofício.
gosto, gasto.

ouço:

"a gente tem que se botar pra pensar
não é só o pensamento
que tem que se botar na gente"

penso:

vale a pena.

18/10/2012

coro

podem falar a vontade
o quanto queiram
não me convenço

titubeio
assumo
mas não cedo
nem incorporo
como verdade

já chegam as mil vozes
que em mim habitam
a essa altura
nem a elas darei ouvidos

16/10/2012

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

depois da chuva

que vontade de ser como uma daquelas pessoas que vi
andando na chuva
sem proteção
deixando a chuva escorrer
molhar suas roupas
sem o mínimo incômodo
plenas
por certo
com as almas lavadas
hoje veio o sol
com ele
novos planos
e borboletas
quando voltar a chuvarada
quero estar despida de qualquer impedimento
leve
querendo da vida o que ela dá

11/11/2012


terça-feira, 2 de outubro de 2012

imensidão

bem que dois corpos podiam ocupar o mesmo lugar no espaço
aconchego maior que o teu abraço não conheço...

02/10/2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

... quando perdemos a pressa podemos admirar irrestritamente...
de malas prontas
pois prefiro
a montanha íngreme
do que esse terreno
baixo e plano

tua ira
na capadócia
vira adubo

e o verde que virá

nele
nunca pousarás
teus olhos

27/08/2012

segunda-feira, 20 de agosto de 2012


trançaeseenrolafeitoagenteumnooutrosemcessardemudareaceitaromesmotãodiferentetodoosantodia

20/08/2012
fui ser feliz e já volto...

Entre Julho e Agosto de 2012.

terça-feira, 12 de junho de 2012

que assim seja em junho, no dia 12 e em muitos outros dias, meses, anos.
vida longa ao sorriso,
vida longa ao ombro no ombro.


vamos sumir?




 12/06/2012

Agora eu sou a mãe. Tu, a filha.

o título de mãe
não me resguarda
de doer inteira
e de quase,
por muito pouco,
me entregar
e deixar o pranto desprender

05/06/2012

trago o fora
pra dentro de novo.
a fuga pro cotidiano
há de tirar-me
do meu epicentro

05/06/2012

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Maio

Eu em Maio...
Há anos.
O que vem, ancorou-se no novo.
E assim,
meus olhos se arregalaram,
minhas mãos enrijeceram.

Voz sai, idéia entra.

Sou eu nascendo de vinte e nove jeitos diferentes,
procurando trinta e três palavras doces em agradecimento. 

27/04/2012

terça-feira, 10 de abril de 2012

O Porto

Andar pelas ruas do bairro
me abriu o apetite pra escrever
E como não fazê-lo diante de tanta vida lá fora
Estar novamente pelas mesmas ruas em que andava
quando minha filha estava dentro e não fora
me trouxe uma saudade boa
Ainda não sabia dela como filha
sabia menos ainda de mim como mãe
mas imaginava ao olhar em volta
o imenso de um mundo que ela teria pra descobrir, pra desvelar
Um muito grande
como ela diz agora
do alto de seus dois anos e pouco
Que alegria isso me dava
Que alegria isso me dá
Me alegro também
ao ver um senhor caminhando
com seu cachorro
Ao invés de usar as quatro patas
ele usa três
Uma está enfaixada
parece quebrada mas eles seguem ali
O senhor espera pelo cachorro
O cão por ele
Parecem conhecer tanto um do outro e assim
gosto do que vejo
gosto do que penso
Gosto também de ver o comércio quieto do meu bairro
Não é pouco movimento
e sim o movimento certo
Nas inúmeras ferragens pelo caminho
uma próxima da outra
poucas pessoas fazem fila
esperam por ser atendidas com calma
Imagino que tenham pressa
seja porque trabalham arrumando a casa de alguém
seja porque desejam arrumar suas próprias casas
Mas não há estardalhaço, barulho, conversa alta no balcão, televisão ou rádio ligado
Tudo flui
Nos botecos e mercearias que também são vários
algumas pessoas fazem lanche e roda
roda pra botar o papo em dia
outras pacificamente compartilham a mesma mesa
mesmo que um tome coca cola média
e o outro a cervejinha das três da tarde
Zeloso respeito mútuo
de quem sabe dar uma paradinha pra respirar, se alimentar, bebericar, aproveitar,
deixar o tempo passar
E um jeito bom de apreciar o tempo passando
ainda mais se o local de moradia é na zona sul da cidade
no sul do sul do Rio Grande do Sul
é tomando mate
Bem sabe o pessoal de uma casa de esquina que ainda não tem reboco
mas detém uma informação importante na parte cimentada
que separa o piso de cima do debaixo:
“Cantinho do Mate”
Que assim seja
um cantinho bom
Sigo minha marcha
e vejo
por esse bairro de casas e ruas que se parecem
muitas árvores enfeitando as calçadas
ainda com muitas flores
É outono mas elas ainda não caíram
A não ser pela poda que algumas pessoas estão fazendo
Como uma senhora de bengala que atenta
Parece dizer aos moços que estão nas escadas com suas tesouras em punho
como devem cortar
Aposto que ela sabe
afinal parece que mora há tempos ali
Que dirá as árvores
frondosas, grandes, galhudas
há anos devem estar ali
Me pergunto e ligeiramente me preocupo
Será que é tempo de poda?
Abril tem a letra R e ouvi dizer que em meses com R
não podamos
ou será que não plantamos?
Ah, mas não me importa
Me importa mais
ver tudo ao alcance dos meus olhos acontecendo
E não cessa de acontecer
Eis que encontro novamente
o senhor e o seu cão
o cão e o senhor dele
E é esse último que cheio de paciência conversa com o cão
Estou ouvindo música não os ouço mas como num filme do Chaplin
Assisto a prosa entre os dois
E o bom senso parece que impera
Então o senhor de idade se demora um pouco e pega a guia dentro de um dos seus bolsos
e o cão cansado espera
Ele fica imóvel, gentil, retribuindo a paciência
enquanto a guia vem vindo
Companheirismo
Mais um sentimento bom de presenciar
na minha tarde de folga
Tarde em que não trabalho
ao menos formalmente
porque percebo que meus passos se apressam
Bendita seja a correria durante a folga
Quero dar mais um sentido a tudo que vi no papel
Não lamento não ter levado pra caminhada a máquina fotográfica
Fotografei tudo o que consegui com as janelas da minha alma
Isso é que dá
esse meu melhor particular coletivo lugar do mundo
É aqui que moro
me inspiro
me dobro
me ergo
É aqui que plantei meu jardim
é aqui que quero seguir caminhando durante a folga
Isso é que dá
se emocionar
com a vida
Isso é que dá
caminhar pelas ruas do Porto

10/04/2012

domingo, 4 de março de 2012

Blues côr de rosa

melancolia não...
tem nome de doença
corre o risco de precisar tomar remédio
prefiro tristeza
mais poético
parece que não se instala
dá e passa
e melhor:
atrás dela sempre vem um sorriso

04/03/2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

"Eu vo pompar uma colera de fores rosa pa passear co a Arú"

01/03/2012

(Eu vou comprar uma coleira de flores rosa pra passear com a Arú. A tradução é minha. A poesia é da Maísa que vê muitas coisas do nosso cotidiano em tons de rosa e com flores. Minha filha amada.)

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Era do par de olhos olhando pra boca, a saudade

24/02/2012


me fitando
sem escrúpulos
ou coisa parecida

menos coisa
mais pessoa
revelada envelhecida

alguns ângulos
outras poses
sendo pouco o permitido

só espero que sigam
os desejos
se não tão escondidos
agora mais bem esclarecidos

24/02/2012

Fevereiro

Procuro desesperadamente por aquela lesma que fica se movendo pelos vidros da porta.
Não a encontro. Talvez, porque falte a umidade necessária. Será então que ficamos mais inertes ainda nesses dias quentes, vazios?

Pobre da lesma sempre tão malfadada.
Pobre de mim sempre tão amarrada.

24/02/2012

pena

não se admira a novidade
é pela mesmice que agora
se desvela o inevitável

não há quadro que resista
é como se a parede fosse ôca

tanto tempo gasto para
encontrar as peças perfeitas

tão pouca dedicação
para o choro solto e franco
para o riso aberto e despretensioso

24/02/2012

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Na corda bamba

Essa corda bamba
que nos desafia
nos entretém
nos diverte
nos aporrinha
não é metáfora

Somos nós ali
ombro no ombro
intensos
vivendo
os anos
e eles
sendo bons conosco

E nós...

Retribuindo quase sempre
tratando de viver
o inevitável
o improvável
o insano
o doloroso
o divino
o maravilhoso
que se apresenta

Feliz do dia em que resolvemos
que tentaríamos atravessar até o outro lado
que buscaríamos o equilíbrio
que não teríamos medo algum de cair
e começar tudo de novo

Sim,
começaria tudo outra vez
se preciso fosse
meu amor...

01/02/2012

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Para o outro gato...

Doí inteira...

Não por conta do nosso vínculo
tão no começo
mas por ver teus olhos tão indefesos

E te fosses indo
de modo que não pude impedir
E então
despedaçada,
te pus para dormir
te deixei descansar

Com o passar dos dias
pensei : vieste para isso!
Buscavas um pouso
um descanso
a possibilidade de
viajar tranqüilamente

E é assim que
torço para serem as partidas:
tranquilas
Como dizem por aí:

para uma melhor.

31/01/2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pra começar bem o ano...

Berimbau tocou, vai ter jogo de Angola iô iô

Foto feita por mim durante a 21a Roda de Final de Ano 2011,
Grupo Amigos da Capoeira Angola.
Nela tive a felicidade de estar, cantar, fotografar e jogar.
Que 2012 seja um ano de muita alegria, força, respeito e camaradagem,
como na Angola.

11/01/2012